No final do século XIX, o povoado de Varzea da Ema, antes um simples posto de tropeiros, começou a tomar forma, com a construção do barracão, onde os tropeiros acampavam, e da igrejinha, construída na frente do cruzeiro, já existente .. As casas que foram surgindo formaram retângulo, do mesmo modo acontece com os demais povoados do interior da Bahia, com igrejas em um dos lados menores.
Contando com a fertilidade do solo, banhado por um riacho temporário, os habitantes de Várzea da Ema começaram a plantar cana-de-açúcar e a construir engenhos, onde fabricavam rapadura e mel. Desenvolveram, também, a criação de caprinos e plantavam mangueiras cujas frutas São famosa em toda a região.
Outras culturas foram também desenvolvidas, como o milho, o feijão e a mandioca, vendidos no barracão, nos dias de feira. Em conseqüência, prosperou um pequeno comércio, com duas ou três vendas bem sortidas.
Várzea da Ema tornou-se mais conhecida depois da invasão do bando de Lampião, fato ocorrido no ano de 1928. O famigerado bandido passou ates pelo povoado com o seu bando, numa bela manhã de sol, atirando para todos os lados, apavorando os habitantes locais. Mandou um homem subir no telhado da venda de César Alves, para quebrar as telhas. Depois ateou fogo nos tecidos.
O povo de Várzea da Ema levou anos para esquecer aquele dia de terror. E só voltou a dormir tranqüilo dez anos depois, quando, em 1938, chegou a noticia da morte de Lampião e alguns homens e mulheres do seu bando, em Angicos, no vizinho do Estado de Sergipe.
Por esse tempo, Várzea da Ema estava em decadência, com alguns de seus moradores indo morar em Canudos, na esperança de arranjar emprego no DNOCS, que estava construindo a estrada conhecida como Transnordestina.
Em 1947, uma enchente no riacho invadiu casas no povoado, Cansados com a repetição do fato, seus moradores decidiram mudar as casas para a parte mais alta, a uns 200 metros acima do local original. No inicio construíram casas mais simples e geminadas, como as da parte antiga. Depois, evoluíram para construção maiores.
Abandonaram, assim, a parte antiga, deixando casas desabitadas e levando a imagem da Padroeira, Coração de Maria, para igreja nova, que passou a ter Santo Antônio como padroeiro, em homenagem a um dos líderes locais.
A maior parte da população nunca aceitou o destronamento da antiga padroeira, até que D. Rayner, fundadora da AAVE – Associação de Apoio a Várzea da Ema, reconstruiu a igreja da parte antiga, totalmente destruída, restaurou o cruzeiros e reconduziu a imagem do coração de Maria para o seu trono, dando inicio aos trabahos de revitalização da parte onde se originou o povoado.
A Associação de Apoio a Várzea da Ema – AAVE, completa dia 19 de dezembro de 2009,5 anos de serviços prestados a comunidade de Várzea da Ema. Presidida pela Sra. Rayner de Mattos Canário, também sócia fundadora, que com sua vasta experiência e sensibilidade trabalha por este povoado tão carente e que de forma incansável luta por melhores condições de vida, a formação de cidadãos críticos e conscientes de seu real papel dentro da sociedade, a valorização da cultura local e a preparação para o mercado de trabalho.
Durante todos esses anos de trabalho e dedicação são enumeras as conquistas da A AVE, e estas vem ajudando a escrever uma historia nesta comunidade. E com certeza não para por ai, tendo Dona Rayner _frente dessa Associação as vitórias e conquistas estão apenas começando.
Logo depois de uma visita feita por Dona Rayner as minas da antiga Várzea da Ema, surge 0 desejo de fazer algo por este povo e resgatar a verdadeira identidade dessa gente que tanto sofre com 0 abandono do poder publico e a força da seca.
E nessa busca e que, em 2003, D. Rayner inaugura a restauração do antigo cruzeiro, símbolo de nossa historia que estava sendo esquecida. No ano subseqüente, 2004, em uma obra idealizada por Rayner e apoiada por todos os moradores do povoado, acontece a reconstrução e, em maio, a inauguração da Igreja do Coração de Maria. Essas duas obras juntas criam a base e fortalece 0 desejo de D. Rayner em resgatar tudo que estava se perdendo com 0 tempo, como por exemplo os festejos do Coração de Maria.